ATA DA NONA SESSÃO SOLENE DA TERCEIRA SESSÃO
LEGISLATIVA ORDINÁRIA DA DÉCIMA SEGUNDA LEGISLATURA, EM 29.04.1999.
Aos vinte e nove dias do mês de abril do ano de mil
novecentos e noventa e nove reuniu-se, no Plenário Otávio Rocha do Palácio
Aloísio Filho, a Câmara Municipal de Porto Alegre. Às dezessete horas e vinte e
seis minutos, constatada a existência de “quorum”, o Senhor Presidente declarou
abertos os trabalhos da presente Sessão, destinada a homenagear o transcurso do
trigésimo aniversário do Centro de Integração Empresa-Escola - CIEE, nos termos
do Requerimento nº 58/99 (Processo nº 923/99), de autoria do Vereador Reginaldo
Pujol. Compuseram a MESA: o Vereador Nereu D'Ávila, Presidente da Câmara
Municipal de Porto Alegre; o Senhor Everton da Fonseca, Supervisor de
Abastecimento da Secretaria Municipal da Produção, Indústria e Comércio,
representando o Senhor Prefeito Municipal de Porto Alegre; os Senhores Alécio
Ughini, Luiz Carlos Eymael e Luiz Fernando Braga Moreira, respectivamente,
Vice-Presidente, Superintendente Operacional e Superintendente Financeiro
Administrativo do CIEE; o Senhor Jorge Antônio Machado, representante do
Ministério Público Estadual; o Senhor Aquilino Girardi, representante da
Associação dos Administradores de Educação do Rio Grande do Sul; o Vereador
Isaac Ainhorn, 2º Secretário deste Legislativo. Ainda, como extensão da Mesa,
foram registradas as presenças dos Senhores André Palácio, representante da
Deputada Federal Yeda Crusius; Ervino Besson, representante do Deputado Estadual
Ciro Simoni; Renato Raul Moreira, representante da Federação das Associações e
Círculos de Pais e Mestres do Rio Grande do Sul; Gerson Altemir Schmidt,
Diretor-Executivo da Fundação Projeto Pescar; Rafael Guaragna, representante do
Diretório Central de Estudantes da FAPCCA; Sônia Bueno, representante da Ordem
dos Advogados do Brasil - Seccional Rio Grande do Sul; Rosângela Silva,
representante da Empresa Brasileira de Infra-Estrutura Aeroportuária -
INFRAERO; Luiz Ilson Vardanega, representante da Academia de Polícia Militar;
Genilton Ribeiro, representante da Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos;
do Tenente Lerina, representante do Colégio Militar; dos Inspetores Rodolfo
Porto Terra e Willy Bruno Schonmeier, representantes da Polícia Rodoviária
Federal. A seguir, o Senhor Presidente convidou a todos para, em pé, ouvirem à
execução do Hino Nacional e, após, concedeu a palavra aos Vereadores que
falariam em nome da Casa. O Vereador Reginaldo Pujol, em nome das Bancadas do
PFL e PSDB, historiou acerca da fundação e desenvolvimento do CIEE, afirmando
ser essa uma empresa particular e filantrópica, responsável pelo ingresso de
milhares de estudantes no mercado de trabalho, através da oferta de estágios
que viabilizem a prática dos conhecimentos adquiridos nas escolas e universidades.
O Vereador Adeli Sell, em nome da Bancada do PT, registrou sua satisfação por
participar da presente solenidade, discorrendo sobre o quadro de desemprego
atualmente observado no País e ressaltando a importância do treinamento
profissional propiciado pelas atividades empreendidas pelo CIEE. O Vereador
Luiz Braz, em nome da Bancada do PTB, declarando ter, quando presidente deste
Legislativo, efetuado a assinatura de convênio da Casa com o CIEE, analisou
questões referentes às dificuldades enfrentadas pela população na busca de
empregos e criticou o Governo Estadual face à desistência da empresa Ford de
instalar montadora de veículos no Rio Grande do Sul. O Vereador João Carlos
Nedel, em nome da Bancada do PPB, defendeu a necessidade de oportunizar estágios
para estudantes, como via indispensável para a plena capacitação técnica,
fundada na prática e na vivência de questões atinentes à profissão escolhida, e
salientou a participação do CIEE na diminuição do nível de desemprego observado
no País. A Vereadora Clênia Maranhão, em nome da Bancada do PMDB, teceu
considerações acerca da conjuntura econômica apresentada pela sociedade atual,
atentando para o significado das atividades realizadas pelo CIEE na formação de
valores e de integração do estudante no mercado de trabalho. Também, referiu-se
à desistência da empresa Ford de instalar montadora de veículos no Estado. O Vereador
Isaac Ainhorn, em nome da Bancada do PDT, relatou dados referentes à empresa
homenageada, desde sua fundação até o momento atual, salientando a evolução
observada na abrangência de sua atuação e lembrando a figura de João
Evangelista de Souza, Barão de Mauá, como exemplo de empreendedor voltado para
o desenvolvimento e progresso. Ainda, o Senhor Presidente registrou o recebimento
de correspondência alusiva à presente solenidade, de autoria da Senhora Líbia
Maria Serpa Aquino, Presidente do Conselho Estadual de Educação/RS; do Senhor
Wilson Airton Closs; do Desembargador Alfredo Guilherme Englert; e da Deputada Yeda
Crusius. Em prosseguimento, o Senhor Presidente concedeu a palavra ao Senhor
Alécio Ughini que, em nome do Centro de Integração Empresa-Escola, agradeceu a
homenagem prestada pela Casa. Após, o Senhor Presidente convidou os presentes
para, em pé, ouvirem à execução do Hino Rio-Grandense e, nada mais havendo a
tratar, declarou encerrados os trabalhos às dezoito horas e quarenta e um
minutos, convocando os Senhores Vereadores para a Sessão Ordinária de amanhã, à
hora regimental. Os trabalhos foram presididos pelo Vereador Nereu D'Ávila e
secretariados pelo Vereador Isaac Ainhorn. Do que eu, Isaac Ainhorn, 2º
Secretário, determinei fosse lavrada a presente Ata que, após distribuída em
avulsos e aprovada, será assinada pelos Senhores 1º Secretário e Presidente.
O SR. PRESIDENTE (Nereu D’Ávila): Estão abertos os trabalhos da Sessão Solene destinada a
homenagear o transcurso do 30º aniversário do Centro de Integração
Empresa-Escola - CIEE.
Convidamos
para compor a Mesa: o Sr. Everton da Fonseca, Supervisor de Abastecimento da
SMIC, representando o Sr. Prefeito Municipal; o Dr. Alécio Ughini,
Vice-Presidente do CIEE; o Sr. Luiz Carlos Eymael, Superintendente Operacional
do CIEE; o Sr. Luiz Fernando Braga Moreira, Superintendente
Financeiro-Administrativo; o Sr. Jorge Antônio Machado, Representante do
Ministério Público Estadual; o Sr. Aquilino Girardi, representante da
Associação dos Administradores de Educação do Rio Grande do Sul.
Convidamos
todos os presentes para, em pé, ouvirmos o Hino Nacional.
(Executa-se
o Hino Nacional.)
Senhoras
e Senhores, manifestamos, em nome da Casa, os nossos parabéns pelos 30 anos do
Centro de Integração Empresa-Escola, o CIEE. Em muito boa hora o Ver. Reginaldo
Pujol, em nome de todos nós, propôs esta solenidade. A Cidade de Porto Alegre,
através da sua Câmara Municipal, dos seus trinta e três representantes, em
votando o Requerimento do Ver. Reginaldo Pujol por unanimidade, quis demonstrar
todo o seu apreço, todo o respeito que tem pela seriedade com que o CIEE vem
tratando as questões de prestação de serviços durante essas três décadas de
existência. Aqui mesmo, na Câmara, mantemos um salutar convênio com o CIEE,
através do qual há um processo de estágios, que tem tido frutos altamente
benéficos para a Instituição Câmara Municipal, visto que os estudantes, através
do CIEE e por via do CIEE são absorvidos nos estágios da Câmara, nos diversos
setores. Então, sem dúvida, há um serviço de utilidade pública do qual o Centro
de Integração, o CIEE, é um veículo de grande valia para a sociedade
porto-alegrense. Por isso, nesta tarde, todos nós homenageamos o Centro de
Integração Empresa-Escola.
O
Ver. Reginaldo Pujol está com a palavra como proponente da Sessão Solene e
falará pela Bancada do PFL, da qual ele é o Líder, e pela Bancada do PSDB.
O SR. REGINALDO PUJOL: (Saúda os componentes da Mesa e demais
presentes.) Como bem assinalou o Presidente da Casa, Vereador Nereu D’Ávila,
esta Sessão Solene destinada a homenagear o transcurso do trigésimo aniversário
do Centro de Integração Empresa-Escola, CIEE, é um ato para o qual
compartilharam todos os Vereadores desta Casa que, por unanimidade, aprovaram
um Requerimento especial que se fez necessário para a realização deste evento.
O Dr. Luiz Carlos Eymael não desconhece que nós enfrentamos inicialmente um
pequeno obstáculo, que dizia respeito ao acúmulo de Sessões Solenes realizadas
ao longo deste mês, caracterizadas por uma série de eventos integrados no
calendário nacional, que vão desde o dia do descobrimento da Pátria, a data de
Tiradentes, e outros tantos introduzidos no calendário estadual que justificam
atividades especiais da Câmara Municipal. Isso fez com que a Mesa Diretora da
Câmara de Vereadores determinasse uma situação de excepcionalidade, coisa que
só foi possível pela diligência do Presidente Nereu D’Ávila e pela
sensibilidade dos integrantes da Mesa Diretora, que propiciaram condições para
que o Plenário, contornando obstáculos regimentais, permitisse que hoje
estivéssemos aqui reunidos exatamente um dia após o transcurso do 30º
aniversário do CIEE.
Faço
esse registro a bem da justiça e para enfatizar o ânimo com que participaram
todos os integrantes desta Casa ao se integrarem nessa homenagem que nós
tivemos o condão de provocar com a receptividade tranqüila, serena e, sobretudo,
conscenciosa dos integrantes desse Parlamento Municipal. Afinal, justificativas
existem para isso.
O
Centro de Integração Empresa-Escola - CIEE foi criado em 1969, por educadores,
representantes de entidades de classe, profissionais liberais e especialistas
em treinamento e desenvolvimento de Recursos Humanos.
Nos
30 anos de atuação, que completou no dia 28 de abril de 1999, o CIEE foi sempre
responsável pela introdução no mercado de trabalho de milhares de estudantes de
nível médio e superior. Através do programa de estágios, os estudantes passam a
ingressar em seu mercado profissional, o primeiro passo em suas carreiras ou
atividades que estão ligadas diretamente à sua formação educacional . Todos os
dias, o CIEE recebe cerca de 800 jovens que procuram uma vaga de estágio nas
inúmeras empresas conveniadas com a entidade. Embora exista um variado perfil
de escolaridade, esses jovens, tanto de nível médio como universitário são, com
certeza, os profissionais do futuro. Somente a experiência irá ensiná-los a
percorrer o caminho profissional desejado. E isso é possível a partir das
oportunidades oferecidas com o programa de estágios.
Dentro
do universo das ações do CIEE existe um tratamento especial com a empresa de
pequeno e médio porte, como campo de exercício da criatividade e da iniciativa
pessoal, e como cenário técnico destinado ao encontro do empresário com a nova
geração de profissionais ainda em sua fase de formação e no início de suas
atividades profissionais. Nesse contexto está a finalidade fundamental, a
finalidade básica do CIEE, que é a integração do processo educativo à realidade
do mercado de trabalho, onde o estudante, na condição de estagiário, terá
oportunidade de colocar em prática os ensinamentos adquiridos nas escolas e nas
universidades.
O
CIEE é, portanto, uma instituição filantrópica e não-governamental de direito
privado e de utilidade pública municipal, estadual e federal, que atende tanto
às empresas privadas quanto às organizações públicas - e a nossa Câmara
Municipal é uma das tantas instituições a que o CIEE atende, selecionando,
anualmente, jovens que aqui realizam os seus estágios.
No
Rio Grande, o CIEE possui convênio com cerca de sete mil empresas privadas. Com
sua sede principal aqui em Porto Alegre, a instituição dispõe de filiais nas
principais cidades do interior do Estado, oferecendo, para as empresas locais,
os mesmos programas desenvolvidos na sua sede central.
A
instituição atua sempre no sentido de atender aos interesses de formação dos
estudantes, não só no aspecto de aprender fazendo, ou de fazer aprendendo, mas,
também, de aprender ensinando e de ensinar aprendendo, conforme cada situação e
sempre em termos de reciprocidade e complementaridade. Além do programa de
estágios, o CIEE está atento aos estudos e pesquisas referentes ao ajustamento
do ensino dentro do mercado de trabalho, uma preocupação constante, a fim de
atender às necessidades que surgem, desde novas profissões e, principalmente,
no sentido da adequação tecnológica com a utilização de sistemas operacionais a
partir da informática.
É
assim o CIEE: um centro de apoio permanente aos estudantes e às empresas,
nomeadamente às pequenas e médias. Com vinte e três mil estudantes realizando
estágios em sete mil empresas em todo o Estado, o CIEE vai além da sua função
social de oportunizar estágio profissionalizante para estudantes de nível médio
e superior.
Sua
missão se amplia e, hoje, compreende tarefas múltiplas, entre as quais a de
oferecer apoio aos estudantes e empresas, buscando realizar seu papel de agente
de integração.
Seus
programas são os mais variados, o mais conhecido é o Programa de Estágio, mas
outros tantos compõem a gama de atividades desenvolvidas pela entidade que,
hoje, homenageamos. Entre elas: Serviço de Orientação Profissional; Treinamento
para Entrevistados e Entrevistadores; Assistência Médica; Programa de Emprego
Amanhã; Banco de Currículo; Programa de Jovens Profissionais; Alfabetização de
Adultos; Assessoria Técnica.
Enfim,
tudo o que tem caracterizado esta multiplicidade de atuação desenvolvida pelo
CIEE, em todos os quadrantes do Rio Grande do Sul, envolve mais de 25 mil
estudantes universitários e de grau médio e também sete mil empresas espalhadas
por todo o Estado.
Estes números,
aparentemente grandiosos, não são nada mais do que o reflexo e a constatação
exata do que, efetivamente, representa o CIEE, Centro de Integração Escola
Empresa, neste contexto sócio-comunitário do Estado.
É por tudo isso que todos
nós que integramos esta Casa Legislativa temos grande honra, enorme satisfação
e, sobretudo, nos sentimos gratificados, hoje, em franquearmos nossas Bancadas
aos amigos do CIEE para que eles festejem conosco esta vitória da educação,
cultura, formação profissional, vitória esta que é representada nos 30 anos
afirmativos do CIEE; dos seus dirigentes, sempre perspicazes e, sobretudo,
vanguardeiros nas suas tarefas e nos programas que exercitam.
Meus cumprimentos aos
dirigentes do CIEE, àqueles que tiveram oportunidade de alcançar a formação
profissional com este estímulo que os estágios propiciam, grande parte, aqui,
presentes ou representados.
Finalmente,
uma demonstração absolutamente pessoal: é que esse ano de 1969, que marca o
início das atividades do CIEE coincide com o fim da minha formação
profissional. Não pude ser estagiário, porque o CIEE ainda não existia. O
estágio que realizei foi na informalidade que se propiciava como futuro
profissional do Direito, através de relacionamentos pessoais nos escritórios de
amigos que propiciavam essa oportunidade. Esse fato, a partir de 1969, começou
a ser modificado. Hoje, vejo com muita satisfação que, freqüentemente, na
formulação de um “Curriculum Vitae”, na preparação dos dados pessoais de um
candidato a uma vaga em uma empresa ou numa repartição pública, que compõe o
contexto governamental do Estado, aparece, como elemento credenciador do jovem
concorrente a essa posição, a sua condição
de ex-estagiário do CIEE. Isso o CIEE tem como crédito no Rio Grande do Sul, e
a sociedade gaúcha tem que efetivamente reconhecer esse crédito, eis que é
fruto de um trabalho realizado com muita seriedade, com muita compenetração e,
sobretudo, com a consciência da importância da tarefa que realizava. Uma
entidade como essa, efetivamente, Ver. Nereu D’Ávila, merece que contornemos o
Regimento da Casa e façamos, 24 horas depois que ela completa 30 anos de
atividade, a homenagem que modesta, porém sinceramente estamos a lhe oferecer
nesta tarde. Muito obrigado. (Palmas.)
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: O Ver. Adeli Sell está com a palavra pela
Bancada do PT.
O SR. ADELI SELL: Sr. Presidente e Srs. Vereadores. (Saúda
os componentes da Mesa e demais presentes.) Quando entrei neste salão, hoje,
percebi, de imediato, as flores. Sem dúvida nenhuma, como vinha da rua, logo me
chamou a atenção o contraste com as cores difusas, ali de fora, do outono. Mas
fiquei pensando que, afinal, são cores e as cores, independente das suas
tonalidades, sempre nos lembram a vida, sempre nos lembram algo de luz e
encantamento. Hoje nós estamos fazendo uma homenagem a uma entidade que
completa 30 anos, uma homenagem de gratidão. É portanto um oferecimento que
esta Câmara faz, e eu tenho o prazer de homenagear o CIEE pela Bancada do
Partido dos Trabalhadores. A natureza, as estações, as flores, enfim, nos
lembram a vida e esta expectativa da vida, do amanhã em que muitos jovens,
muitas pessoas se deparam com esta instituição: o CIEE, o Centro de Integração
Escola-Empresa. Não fosse esta oportunidade de um estágio, de um
aperfeiçoamento técnico-profissional, como seria o olhar de um jovem, amanhã,
para as flores, quando no seu íntimo há o desencanto? Sem dúvida nenhuma ele
não olharia essas flores como muitos de nós as estamos observando: com todo o
seu brilho e toda a sua tonalidade, porque, no seu íntimo, um jovem que não vê
perspectiva de emprego, não vê perspectiva de amanhã, está desempregado, sem
dúvida nenhuma que as cores do outono, lá fora, não serão apenas difusas, sem
dúvida nenhuma serão muito gris, muito mais do que difusas e, quem sabe, algo
que lembre o desencanto da sua vida. Nós precisamos lembrar, aqui, nesta
homenagem, o encanto da vida, a oportunidade da vida, a oportunidade de,
amanhã, olhar as coisas como elas são, com as cores e as tonalidades que a vida
pode nos oferecer, porque viemos a este mundo para viver, para absorver a vida
e o trabalho foi exatamente aquilo que fez com que nós mulheres e homens, com
as características que temos hoje da modernidade, vivêssemos num mundo melhor.
É
claro que olhando para as estatísticas frias que aparecem nas páginas dos
jornais, quando estamos lendo que no ABC paulista, no centro produtivo de São
Paulo 21,5% de pessoas estão desempregadas, que nas regiões metropolitanas
temos o desemprego. Mas imaginem, senhoras e senhores, se os nossos jovens não
tivessem a oportunidade de, no 2º Grau fazer um estágio, teríamos as pessoas
que temos na universidade hoje, não fosse essa oportunidade? Claro que não! São
muito poucos os que vão à universidade. Mas não fosse, quem sabe, essas quinze,
vinte mil pessoas de 2º Grau e outros tantos de 3º Grau tendo estágio, como
esse do 2º Grau, muitos desses não teriam as mínimas condições de estudar. Às
vezes um simples estágio, modesto que seja, numa pequena empresa, pode ser a
oportunidade de ir para o 3º Grau, de olhar as cores com outra visão. Porque no
seu íntimo as pessoas estão com outra possibilidade de encarar o mundo. Por
isso queremos, de forma muito grata, deixar a nossa homenagem ao Centro de
Integração Empresa-Escola. Temos certeza de que não apenas faremos essa
homenagem, porque nós, Vereadores - creio que falo por toda a Câmara Municipal
-, queremos ser cobrados, queremos ouvir reivindicações para que possamos
legislar para a Cidade, cobrar do Executivo, cobrar, enfim, do setor produtivo
mais e mais possibilidades e uma maior integração entre empresa e escola, uma
maior integração entre o amanhã e o hoje. Essa é a razão da nossa homenagem.
Muito obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: Registramos, como extensão da Mesa, as
presenças do representante da Dep. Federal Yeda Crusius, Sr. André Palácio;
representante do Dep. Estadual Cyro Simoni, Sr. Ervino Besson; representante da
Federação das Associações e Círculos de Pais e Mestres do Rio Grande do Sul,
Dr. Renato Raul Moreira; Diretor Executivo da Fundação Projeto Pescar, Sr.
Gerson Altemir Schmidt; representando a Polícia Rodoviária Federal, inspetores
Rodolfo Porto Terra e Willy Bruno Schonmeier; representante do DCE da FAPCCA,
Sr. Rafael Guaragna; representante do Colégio Militar, Tenente Lerina; representante
da OAB/RS, Sra. Sônia Bueno; representante da INFRAERO, Sra. Rosângela Silva;
representante da Academia de Polícia Militar, Cap. Luiz Ilson Vardanega e
representante dos Correios e Telégrafos, Sr. Genilton Ribeiro.
O
Ver. Luiz Braz está com a palavra em nome da Bancada do PTB.
O SR. LUIZ BRAZ: Sr. Presidente e Srs. Vereadores. (Saúda
os componentes da Mesa e demais presentes.) Eu tenho uma satisfação muito
grande de estar hoje na tribuna, nesta Sessão que foi requerida pelo meu
querido amigo, Ver. Reginaldo Pujol. Em primeiro lugar, cumprimento S. Exa. que
estava em mais um dos seus dias inspirados, o Vereador tem muitos dias
inspirados, quando requereu que fizéssemos essa homenagem pelos 30 anos do
CIEE. Em segundo lugar, Ver. Isaac Ainhorn, porque foi em 1994, quando fui pela
primeira vez Presidente da Casa, que nós assinamos, pela primeira vez, o
convênio com o CIEE, possibilitando que muitos jovens, de lá para cá, pudessem
aqui prestar os seus estágios. É um condição muito diferente, porque uma coisa
é o jovem de 2º ou 3º Grau prestar o seu estágio numa empresa comum, das muitas
que temos na nossa Cidade, outra coisa é o jovem vir prestar estágio na Câmara
de Vereadores, onde toda a sociedade se relaciona. O convênio do CIEE com a
Câmara de Vereadores deu oportunidade para que muito jovem pudesse conhecer, de
uma maneira globalizada a nossa sociedade, pelo relacionamento que a Câmara tem
com a sociedade e pela representação também que a Câmara tem de toda a
sociedade de Porto Alegre.
Assisti
a muitos jovens podendo se preparar, dando de si, dando de seus conhecimentos,
dos bancos escolares e recebendo também a experiência dos setores a fim de que
eles pudessem se aprimorar para a vida que está lá fora, que precisa ser
enfrentada e cada vez enfrentada com maior qualidade. E esse lado da missão a
Câmara Municipal faz muito bem, assim como o faz o CIEE, nesses seus 30 anos de
existência. Eu posso testemunhar e comprovar através do relacionamento
existente entre a nossa Câmara Municipal e o CIEE, que ele faz realmente um
papel magnífico, que merece todos os aplausos da nossa sociedade.
Hoje
estamos um pouco mais tristes porque o CIEE vai ter a sua missão um tanto
dificultada. Eu lia que no ano de 1998 o CIEE conseguia fazer com que cinqüenta
e sete mil estagiários tivessem essa integração através de seus estágios. Se
verificarmos os últimos anos de história do CIEE veremos que eles resultam de
uma multiplicação, de um crescimento praticamente geométrico da quantidade de
estudantes que o CIEE consegue colocar nos estágios. Eu fazia um cálculo que,
com o crescimento do Estado, nos últimos meses, esse crescimento pudesse
realmente continuar: hoje recebemos aquela ducha de água fria dizendo que o
nosso Estado, que poderia se transformar no maior pólo automotivo da América
Latina, acaba perdendo uma das grandes empresas que acabou sendo mandada embora
pelas ações do nosso Governo do Estado. Com essa perda que tivemos no Rio
Grande do Sul, eu não gostaria de acreditar nisso, mas sei que outras perdas se
seguirão a essa. E, infelizmente, isso dificultará ainda mais a missão do CIEE
que é uma missão nobre; mas é uma missão muito difícil, é uma missão muito
dura, que é oferecer campo para estágio para todos esses estudantes de 2º grau,
que querem aprimorar-se, mas, quem sabe, outras notícias virão para reverter
esse quadro tristonho. Este quadro lúgubre que se formou hoje, a partir desta
notícia do pontapé que a Ford recebeu, levando embora uma parte do progresso
que começávamos a ter em nosso Rio Grande do Sul.
Cumprimentos
ao CIEE por estes trinta anos e, principalmente, cumprimentos ao CIEE pelo
relacionamento que tem com esta Câmara de Vereadores.
Parabéns!
Muito obrigado. (Palmas.)
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: Está com a palavra o Ver. João Carlos Nedel,
que fala pela Bancada do PPB.
O SR. JOÃO CARLOS NEDEL: Autoridades já nominadas, Sr. Presidente,
Srs. Vereadores, Senhoras e Senhores. (Lê.)
“Há
pouco tempo defendi desta tribuna a implantação do Fundo Municipal de Crédito
Educativo - FUNCRED - inteligente iniciativa do Ver. Nereu D’Ávila, ilustre
Presidente desta Casa, que visava à participação do Município na minoração dos
obstáculos que dificultam a vida e o progresso dos estudantes sem recursos.
Para
satisfação dos estudantes carentes, esta Casa soube opor-se à vontade
inibitória do Sr. Prefeito Municipal, que vetara a fundação do FUNCRED, e
derrubou aquele veto, viabilizando o crédito educativo no Município. Ressaltei,
naquela oportunidade, que se no passado a formação técnico-profissional não se
esgotava na conclusão de um curso superior, hoje, esse curso representa apenas
um mínimo necessário àqueles que desejam habilitar-se ao exercício de uma
carreira ao mesmo tempo eficiente e eficaz.
Na
atualidade, o curso superior não mais representa um fim, mas apenas uma parte
do trajeto profissional, um meio de caminho que viabiliza o desenvolvimento
individual e a ampliação do horizonte de cada profissional, direito legítimo de
todo aquele que ingressa na escola pela primeira vez.
Relembro
essas afirmações agora, Sr. Presidente e Srs. Vereadores, para destacar um
outro aspecto, este não mais responsabilidade específica do poder público, mas
que também representa sério embaraço à boa formação profissional e, por
conseguinte, à oportunidade, à necessidade e ao compromisso de melhor
participar da atividade produtiva, qualitativamente falando. Estou falando dos
estágios profissionais para estudantes, absolutamente necessários e
indispensáveis à plena capacitação técnica, realizada na prática e na vivência
das questões pertinentes à profissão escolhida, complementarmente à visão
teórica haurida nos bancos escolares.
Quem
teve a oportunidade de completar o segundo e o terceiro graus e, por alguma
razão, não pôde fazer estágio, sabe o quanto isso é verdadeiro. Sabem todos os
que não tiveram a experiência do estágio, que lançar-se ao mercado de trabalho
apenas com a formação teórica, é como lançar-se ao mar, tendo recebido apenas a
orientação teórica de natação. Pode-se até vir a ser bem-sucedido. Mas o custo
desse sucesso é por demais alto para ser aceito passivamente, sem lástima pelas
dificuldades enfrentadas, que poderiam, muitas vezes, ser evitadas.
É
por tudo isso, Sr. Presidente e Srs. Vereadores, que, em nome da Bancada do
Partido Progressista Brasileiro, em que tenho a honra e a satisfação de ter
como companheiros os ilustres Vereadores João Dib e Pedro Américo Leal, faço
coro às homenagens que esta Casa, por sugestão do eminente Ver. Reginaldo
Pujol, hoje presta ao CIEE - Centro de Integração Empresa-Escola, pelo
transcurso de seu trigésimo aniversário de fundação. Pois o trabalho que o CIEE
realiza - e que bem conheço, não por ouvir dizer, mas por bem lhe ter utilizado
os serviços - é de inestimável valia para a formação de uma força de trabalho
capacitada ao enfrentamento dos incontáveis obstáculos que as mudanças
sócio-econômicas de estrutura e conjunturais apresentam nos dias de hoje,
especialmente aos recém-ingressos no mercado de trabalho. Recebendo, a cada
dia, mais de 800 jovens estudantes em busca de estágio, o CIEE já oportunizou a
dezenas de milhares deles, nestes 30 anos, a condição de complementar seus
estudos, exercendo a própria criatividade e desenvolvendo a iniciativa pessoal
num cenário técnico que viria a ser o mesmo do exercício das respectivas
profissões. A ação do CIEE não se esgota, entretanto, Sr. Presidente e Srs.
Vereadores, no atendimento específico das necessidades de estágio dos
estudantes. Seu alcance é muito mais amplo. Além da integração do processo
educativo à realidade do mercado de trabalho, com igual eficácia o CIEE
propicia às empresas, dando especial tratamento às de pequeno e médio porte, o
encontro com a nova geração de profissionais, que serão os possíveis
responsáveis pelo futuro dessas empresas, quando estes estão ainda em fase de
formação e, portanto, com um elevadíssimo potencial de assimilação e de
aproveitamento. Se mais o CIEE não faz é porque lhe faltam a compreensão e a
colaboração das próprias empresas e dos governos constituídos. Enquanto
governos dificultam a formação de empregos, afastando empresas de nosso meio e
inviabilizando a vinda de outras, que estariam dispostas a aqui se instalar, o
CIEE trabalha arduamente para melhor qualificar o mercado de trabalho. Apesar
disso, se vê, circunstancialmente, até ameaçado de prosseguir em seu caminho de
construtor do progresso, pela errada leitura da realidade feita por burocratas
de estreita visão do futuro. O CIEE, como muito bem disse o Ver. Reginaldo
Pujol, é uma instituição de caráter filantrópico e não governamental, de
direito privado e de utilidade pública municipal, estadual e federal e está
apta ao atendimento tanto de empresas privadas quanto de organizações públicas.
Mas, embora tenha convênio com mais de 7.000 empresas privadas, a demanda por
estágios é, no dia de hoje, no Rio Grande do Sul, superior a 100.000 pedidos! É
preciso que os responsáveis pelo comando das empresas privadas e das
organizações públicas aproveitem melhor os serviços do CIEE, até por uma
questão de inteligência administrativa. Procurem conhecer melhor o CIEE;
procurem saber mais sobre seus serviços e as inúmeras vantagens que oferece;
busquem mais assumir sua própria responsabilidade de se integrar ao processo de
educação para o trabalho, que não se exaure na realização de cursos de formação,
mas se complementa necessariamente na experiência laboral: com certeza, o CIEE
irá prestar-lhe inestimável ajuda para isso.
Parabéns
ao Centro de Integração Empresa-Escola pelos seus trinta anos de fundação. E,
ao lado dos agradecimentos que lhe faz a comunidade, pelo trabalho até aqui
realizado, fica o registro de nosso desejo que o CIEE se mantenha sempre ativo,
realizador e progressista! Muito obrigado.”
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: Registramos o recebimento de ofício do
Conselho Estadual de Educação do Rio Grande do Sul, nos seguintes termos: “Ao
cumprimentá-los, desejamos agradecer o convite para a Sessão Solene destinada a
comemorar o trigésimo aniversário do Centro de Integração Empresa-Escola no
Plenário Otávio Rocha dessa Câmara Municipal. Impossibilitada de comparecer,
por compromissos assumidos anteriormente, parabenizo-os desejando que a
solenidade alcance pleno êxito. Atenciosamente. Líbia Maria Serpa Aquino,
Presidente do Conselho Estadual de Educação do Rio Grande do Sul”.
A
Vereadora Clênia Maranhão está com a palavra e fala em nome de sua Bancada,
PMDB, e da Bancada do PSB.
A SRA. CLÊNIA MARANHÃO (Saúda os componentes da Mesa e demais
presentes.) Queria, inicialmente, parabenizar o Ver. Reginaldo Pujol pela
iniciativa e pela justa lembrança desta homenagem.
Hoje
pesquisei sobre o CIEE e foi nessa pesquisa que pude fazer uma comparação que
quero, aqui, relatar a V. Exas. Fiquei pensando, enquanto me preparava para
este momento, que, seguramente, há 30 anos, quando a idéia simples de dois
rotarianos de criar estágio em suas empresas no tempo livre de dois estudantes
era imaginada e concretizada, ninguém poderia imaginar, naquela época, que
aquela simples iniciativa e tão objetiva poderia criar, para o Brasil, um novo momento
no mundo dos estágios.
Assim
também como, naquela época, seguramente seria impossível se imaginar o que
seria 30 anos depois o mundo do trabalho. E eu acho que o grande desafio do
CIEE e a sua permanência com sucesso nesses 30 anos tem sido pela sua capacidade
de compreender as transformações pelas quais passa o mundo e de se integrar
nesse processo de mudança.
O
CIEE faz, hoje, 30 anos num mundo extremamente diferente do mundo no qual ele
foi criado. Ele faz 30 anos num mundo globalizado, sem mais a bipolarização dos
grandes países, portanto, vivendo o mundo um processo sem piedade no mundo da
competição, onde a questão da qualidade é considerada fundamental e o preparo
do ser humano, desde a sua adolescência, é fundamental nessa disputa do
mercado. E esse mundo é, sobretudo, o mundo que produz essa disputa na área
científica e cultural. Porém, quem se dedica à educação e ao mundo do trabalho
tem a árdua tarefa de compreender, não o mundo do presente, mas o mundo do
futuro. E o CIEE trabalha exatamente com esses dois mundos: da educação e do
trabalho, portanto engloba na sua atuação, na sua missão e no seu compromisso
esses dois grandes desafios.
O
CIEE faz 30 anos em uma sociedade extremamente centrada na produção, não mais
de bens materiais, mas na produção de símbolos da informação, da estética e de
valores.
O
CIEE faz 30 anos comemorando o seu sucesso e com esse novo desafio de viver
numa sociedade industrial extremamente exigente para todos, mas extremamente
desigual, onde um país como Estados Unidos, por exemplo, vende mais
computadores do que televisores, mas também num mundo em que 50% da população,
em um estágio tão avançado de desenvolvimento tecnológico, nunca usou o
telefone.
Esse
é o grande desafio: produzir conhecimento e permitir o preparo dos estudantes
que estão nas escolas para esse mundo desigual, mas, principalmente, preparando
para o mundo do futuro. Se nós pensarmos que, há 30 anos, era impossível
imaginar como seria o mundo de hoje, é muito difícil imaginarmos como será o
mundo de 2.030, quando os jovens que hoje participam dos programas do CIEE
estarão ainda no mercado de trabalho.
O
CIEE faz trinta anos num país que vive a extrema contradição de ter que
disputar com os setores mais avançados da economia, com um parque produtivo extremamente
importante, em que uma grande parcela da população tem ainda que ser
alfabetizada.
Evidentemente,
não é num aniversário, não é numa comemoração de trinta anos que nós devemos
deixar que a tristeza, que a emoção, que o pessimismo tomem conta do nosso
discurso, mas também seria hipocrisia falar de emprego no Rio Grande do Sul,
hoje, sem lembrar que data é a data de hoje, este 29 de abril de 1999, quando a
questão do emprego se tornou a pauta central da preocupação de todos os
gaúchos.
Se
nós tomarmos os dados sobre o desemprego na Região Metropolitana que, segundo
os dados da própria FEE, um organismo oficial, é de 18,6% da população
economicamente ativa, com nosso pesar só veremos crescer.
Então,
neste dia em que todos nós parabenizamos o CIEE por seus trinta anos de empenho
no mundo da educação e do trabalho, não poderíamos deixar de falar da tristeza
de todos nós, gaúchos, que fomos vítimas de uma política efetivamente
obscurantista, que não valoriza o emprego e que não valoriza o futuro. Muito obrigada.
(Palmas.)
(Não
revisto pela oradora.)
O SR. PRESIDENTE: Com a palavra o Ver. Isaac Ainhorn, que
fala pelo PDT.
O SR. ISAAC AINHORN: (Saúda os componentes da Mesa e demais
presentes.) Registro, com satisfação, a presença do prezado companheiro rotariano,
figura tão presente quando se trata de CIEE no seu cotidiano, Dr. Cláudio Bins.
Aliás,
foi com ele que aprendi a conhecer o CIEE, lá no Edifício Planalto, onde me
surpreendi com o número de andares que, hoje, ocupa o CIEE naquele prédio no
Centro, no coração da Cidade de Porto Alegre, onde iniciei a minha atividade
profissional, no 3º andar como bacharel em Direito, como advogado.
Surpreendi-me,
há alguns meses, quando o Dr. Cláudio mostrava-me a beleza daquela estrutura,
de pessoas trabalhando, buscando novos espaços de investigação do mercado de
trabalho para os jovens de nossa Cidade, de nosso Estado. Às vezes, quando o
meu jovem filho, iniciando um curso de bacharelado, me pergunta se as
oportunidades eram mais fáceis e maiores há trinta anos do que hoje para
conquistar um espaço no mercado profissional, eu fico a me questionar, dizendo
que, naquele período, a despeito de pensarem que no passado era mais fácil, as
oportunidades eram tão ou mais difíceis quanto hoje.
Eu
me recordo de uma leitura de algum tempo atrás, sobre um jovem menino, no
século passado, que foi o maior empresário do Império. O menino gaúcho, de
Arroio Grande, que entrou num barco em direção ao Rio de Janeiro para trabalhar
numa empresa de comércio atacadista, iniciando as suas atividades com nove
anos: era João Evangelista de Souza, o Barão de Mauá, que foi a maior figura
empresarial do século passado e que nos deixou um exemplo e uma referência de
trabalho, de dedicação, de determinação e de competência.
Faço
esses paralelos, invocando a figura do Barão de Mauá e invocando a minha
experiência que, curiosamente, também é a do Ver. Reginaldo Pujol, pois é de lá
que vem o nosso conhecimento e a nossa amizade, porque ambos nos formamos no
ano de 1969, S. Exa. na Pontifícia Universidade Católica, e eu na Universidade
Federal do Rio Grande do Sul. Eu, filho de uma família muito humilde, se não
passasse naquele ano de 1965 na Faculdade, eu teria que aguardar mais um ano,
porque não tinha condições de pagar uma faculdade.
Hoje
nós sabemos o quanto é importante esse espaço que se descobriu mercê de homens
como os senhores, como Vossas Excelências, que descobriram esse nicho
extraordinário de absorção dessa jovem e inquieta mão-de-obra que pretende
iniciar as suas atividades. Certamente, as senhoras e os senhores aqui
presentes, cada um de vocês devem ter histórias as mais curiosas de jovens que
chegam ali para se inscrever para o estágio, seja em nível médio, seja em nível
profissional. Numa economia como a nossa, existem vários aspectos que
poderíamos abordar sobre a importância que o estágio passou a desempenhar. Nós
ainda não dispúnhamos desse privilégio, nós tínhamos a figura do solicitador, a
lei do exercício da advocacia não previa a figura do estagiário, que depois se
transformou no solicitador. Sempre
buscávamos a mão de uma pessoa amiga, pois não tínhamos familiares advogados,
para iniciar a atividade jurídica. Hoje, está assegurado em lei e esta
Instituição que os senhores dirigem aqui no Estado, e que tem uma vida em todos
os Estados da Federação Brasileira, desempenha um papel extraordinário, e é por
essa razão que hoje a representação política da Cidade de Porto Alegre se faz
aqui presente com o objetivo de homenagear essa instituição e esse conjunto de
homens abnegados que, no curso desses anos, conseguiram transformar esta
instituição, esta estrutura educacional de profissionais no que é nos dias de
hoje.
Encerro
dizendo que, ao lado da experiência profissional, do resolver os problemas
daquela relação de como se chega no primeiro emprego, rapidamente lembro o
depoimento de Carlos Eduardo Souza Leão, um detalhe curioso, no seu primeiro
dia de trabalho, estréia no Banco Iochpe S.A.: “Quando me apresentei para
trabalhar, recebi a primeira correção do chefe: ‘Você deveria ter vindo de
gravata.’ No dia seguinte tomei emprestada uma gravata do meu pai para me
adequar ao padrão.” Existiriam muitos depoimentos, às centenas, e digo mais, a
ajuda que representa aquilo para o cotidiano do jovem universitário para o
empresário que até tem uma mão-de-obra qualificada e barata, por que não dizer,
num momento extremamente difícil por que passam sobretudo a pequena e média
empresa nacional. Por derradeiro, Sr. Presidente, digo: ajuda até a pagar a
universidade. Eu me surpreendo quando uma universidade da Grande Porto Alegre,
uma grande universidade, com a sua voracidade de lucro - o lucro é importante,
sim, numa economia de mercado -, mas tão logo o Governo retirou o caráter
filantrópico dessas instituições, a primeira atitude dessa instituição foi
comunicar aos jovens estudantes que teriam um repasse na sua mensalidade de
13%, em função da retirada do caráter filantrópico das instituições
particulares de ensino. Não é a generalidade. Infelizmente esse é um dado.
Parabéns
a vocês, parabéns ao trabalho dessa direção, de homens abnegados, idealistas, e
a todos vocês, funcionários, que representam essa estrutura que honra e orgulha
Porto Alegre e o Rio Grande. Muito obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: Registramos as correspondências
recebidas: telegrama assinado pelo Sr. Wilson Airton Closs, Diretor das Lojas
Wilson - “Cumprimentos comemoração trigésimo aniversário Centro de Integração
Empresa-Escola. Com votos muito sucesso futuro.” e ofício do Sr. Desembargador
Alfredo Guilherme Englert, Presidente em exercício do Tribunal de Justiça,
parabenizando o CIEE pelo trigésimo aniversário. Também da Deputada Yeda
Crusius.
O
Sr. Alécio Ughini, Vice-Presidente do CIEE, está com a palavra.
O SR. ALÉCIO UGHINI: Sr. Presidente e Srs. Vereadores. Eu fui
tomado pela emoção por verificar e ouvir daqueles que nos homenagearam o quanto
conhecem o CIEE, como o admiram e prezam, demonstraram realmente que esta
entidade está no coração de todos os gaúchos. Eu vou ousar e fazer uma pequena
divagação antes do agradecimento formal. O nosso Presidente Otto Walther Beiser
e o Vice-Presidente Irmão Faustino João seguramente teriam sido tomados da
mesma emoção se hoje estivessem aqui presentes, diante dos pronunciamentos do
Ver. Reginaldo Pujol e dos demais Srs. Vereadores. Lembro que a Diretoria
Executiva, Milton Siqueira, Luiz Carlos Eymael, Luís Fernando Braga Moreira, os
gerentes dos estágios, os funcionários do CIEE são os que levam à frente essa
missão grandiosa do Centro de Integração Empresa-Escola. No meu caso, são mais
de 20 anos ininterruptos na Vice-Presidência do CIEE, numa atuação pequena, mas
diária, de serviços; é o que a gente ama, inclusive porque não somos
remunerados. Talvez alguns dos senhores não saibam que a Presidência e a Vice-Presidência
são cargos honoríficos, e os nossos zelosos Diretores Superintendentes levam
essa missão com carinho, com afinco, com extremo zelo e fizeram do CIEE o que é
hoje. Eu quis lembrar esses detalhes e lamentar a ausência do Sr. Milton
Siqueira, do Presidente e do Vice-Presidente que, por motivos absolutamente
particulares, foram impossibilitados de estarem aqui presentes.
Senhoras
e Senhores, ao agradecer a esta Casa e aos seus representantes que, de forma
democrática e eleitos pelo voto direto, são os fiéis depositários dos anseios e
das preocupações da sociedade porto-alegrense, eu gostaria, em nome do CIEE do
Rio Grande do Sul, de manifestar a importância que essa entidade conquistou em
três décadas de atuação em todo o território gaúcho, em especial, em nossa
Cidade. Chamo atenção dos senhores para alguns números que demonstram a
representatividade do CIEE como agente de integração empresa-escola. Desde o
início de suas atividades, em 1969, o CIEE já atendeu cerca de um milhão e
seiscentos mil estudantes gaúchos. Isso é, praticamente, toda a população de
Porto Alegre, ou cerca de 18% dos habitantes do nosso Estado. É por isso que em
qualquer lugar da Capital ou numa pequena cidade do interior, sempre iremos
encontrar um estagiário do CIEE em um pequeno universo familiar e, também,
futuros profissionais que hoje estão participando do nosso programa de estágios
que levarão consigo a lembrança desta que foi a sua primeira oportunidade e
início de sua realização profissional.
Em
três décadas de atuação em nosso Estado, o CIEE tornou-se uma Instituição
respeitada e concretizou a relação entre empresa e escola, unindo a formação
teórica com a prática profissional. Oferecer a primeira oportunidade na
carreira dos estudantes, em sua futura atividade de trabalho, é o objetivo do
nosso programa de estágio. Atualmente, esse trabalho é responsável pela
administração de cerca de vinte mil estágios em todo o Rio Grande do Sul. O
número pode parecer expressivo, mas se comparado com o tamanho da nossa
atividade econômica, que reúne o comércio, a indústria e serviços, ainda temos
um potencial importante a ser atingido, o que certamente aumentaria a oferta de
oportunidades aos jovens que estão nas escolas técnicas e nas universidades.
Eu
lembro detalhe de um dos Srs. Vereadores que falou que são cem mil esperando
colocação. Esses vinte mil poderiam ser acrescidos em muito se tivéssemos mais
oportunidades, se alguém mais conhecesse o CIEE e utilizasse o serviço do CIEE.
Se por um lado precisamos de estudantes com melhor colocação e preparo para o
exercício da sua futura profissão, na outra ponta precisamos de maior apoio dos
empresários, pois só assim estaremos estabelecendo o conceito empresa-escola,
uma idéia de sucesso que há 30 anos faz parte da formação dos futuros profissionais
em todo o nosso território gaúcho.
Lembro-me
do primeiro ano de implantação do CIEE em nosso Estado. Tivemos não mais do que
a colocação de uma dezena de estagiários. Hoje são quase cinco mil por mês que
encontram a porta aberta para mostrar seu talento através dos convênios do CIEE
com empresas gaúchas.
Por
certo o CIEE continuará sendo sempre o sinônimo de oportunidade e o caminho
para que a nossa juventude encontre o seu caminho e conquiste uma carreira
profissional de sucesso.
Esse
é o nosso desejo. Essa é a missão do CIEE. Muito obrigado. (Palmas.)
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: Senhoras e Senhores, Vereadoras e
Vereadores, autoridades, estudantes, convidados, chegamos ao término desta
Sessão brilhante, emotiva, proposta pelo Ver. Reginaldo Pujol, da comemoração
dos trinta anos do CIEE. Os oradores das diversas Bancadas manifestaram, em
nome da população de Porto Alegre, todo nosso agradecimento por estes trinta
anos de trabalhos que o CIEE tem prestado a Porto Alegre e ao Estado.
Ao
Dr. Alécio Ughini, que falou em nome da entidade, aos Srs. Superintendentes do
CIEE, às demais autoridades aqui presentes o nosso especial carinho e os nossos
parabéns.
Encerrando
esta solenidade convido a todos para, em pé, ouvir o Hino Rio-grandense.
(Executa-se
o Hino Rio-Grandense.)
Estão
encerrados os trabalhos da presente Sessão.
(Encerra-se
a Sessão às 18h40min.)
* * * * *